quinta-feira, 5 de julho de 2007

ESCASSEZ DE MATERIAL

ABREVIATURAS

As abreviaturas permitiram aos copistas condensar o texto, economizar espaço e reduzir o tempo empregado na transcrição. Estas tres poderosas razões explicam porque os escribas as usaram tão largamente. Mais de 5.000 contrações de palavras latinas foram utilizadas na transcrição de manuscritos, entre os séculos VII e XVI; na Inglaterra, só nos documentos latinos oficiais do período do reinado dos Tudor (1485-1603), encontram-se mais de 1.000 contrações de palavras. As abreviaturas abundavam também na escrita gótica.
A dificuldade em decifrar manuscritos medievais deve-se, não só ao uso de abreviaturas como também às contrações e ligaduras cuja compreensão requer estudos de paleografia e caligrafia.
Tipos de abreviaturas:
As abreviaturas são classificadas em cinco categorias diferentes, como segue:
1. Siglas:
era muito comum usar a primeira letra de cada palavra, em vez de escrever as palavras completas. Os seguintes exemplos, empregados até nossos dias, datam dos manuscritos dos escribas medievais:
D.O.M. (Deo Optimo Maximo);
R.I.P. (Requiescat in pace);
A.D. (Anno Domini).
2. Palavras incompletas:
Em lugar de escrever toda a palavra, encurtavam-nas, colocando uma linha horizontal em cima, para indicar a abreviatura.
Exemplos:
Ds (Deus);
ap (apud).
Este tipo de abreviatura se chama apócope (do grego cortar, ou seja, omitir o último som ou última sílaba de uma palavra).
3. Suspensão:
Algumas letras são suprimidas, freqüentemente, no meio da palavra.
Exemplos:
Ilmo. (ilustríssimo);
afmo. (afetuosíssimo);
dieb. (diebus).
4. Letras sobrepostas:
Indicam a supressão de uma letra ou, então, a terminação da palavra.
Exemplos:
qi (qui);
qº (quo);
pbro. (presbítero);
Nª Sª (Nossa Senhora).
5. Sinais especiais:
Para facilitar a transcrição das palavras usadas frequentemente, imaginaram-se sinais arbitrários diversos. Alguns deles advertem o leitor sobre:
a) uma passagem de muita importância;
b) um texto considerado inconveniente ou imoral;
c) um texto bíblico com vários sentidos.
FONTE DO TEXTO:
LITTON, G. O livro e sua história. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975.


ESCASSEZ DE MATERIAL


Até que o papel pudesse ser fabricado à máquina, fato que, pela primeira vez, o colocou ao alcance das massas, era difícil conseguir material para escrever. Esta escassez deu origem a dois costumes, praticados pelos copistas na transcrição de livros manuscritos: o dos palimpsestos e o das abreviaturas.

# PALIMPSESTOS

Essa palavra vem do grego palin, novamente e psestos, raspado. Refere-se à técnica de apagar o texto de manuscritos velhos, para escrever novamente sobre eles. Este processo, imposto pela escassez do pergaminho, ao mesmo tempo em que aumentava o volume dos livros que deviam ser copiados, estendeu-se também às tabuinhas enceradas, ao papiro e a outros materiais. O papiro era demasiadamente delicado e não se podia apagar bem; mas, como a escrita, geralmente, ocupava um só lado da folha, pode-se utilizar o reverso para as transcrições de novos textos. Durante a Idade Média,quando esta prática estava em seu apogeu, utilizaram-se muitos manuscritos de autores clássicos para reproduzir obras posteriores. Felizmente, os textos originais não ficaram totalmente apagados e, com, o auxílio da fotografia com raios infra-vermelhos, a obra mais antiga e valiosa pôde ser, pelo menos, em grande parte, recuperada. Encontraram-se pergaminhos usados, sucessivamente, para copiar tres textos diferentes. A utilização de uma lâmpada de cristal de quartzo produtora de raios ultravioletas, torna visível a escrita original; este processo é chamado de anastasiografia, palavra que, etimologicamente, significa "ressureição da escrita".
FONTE DO TEXTO:
LITTON, G. A historia do livro.
ENCADERNAÇÃO



A encadernação, da mesma maneira que as outras operações da confecção do livro, passou por uma longa evolução, cujo início se perde na remota antiguidade.


Breve história da encadernação

Séc. VIII - XI


Surgiram as encadernações em pele de cervo, porco e tecido.
Cabeceado de alinhavo, sendo as capas de madeira grosseira.
Guardas ausentes ou havia uma de pergaminho.
Cortes aparados.
Decoração simples.


Séc. XII - XIII

Cobertura de antílope, couros tingidos e pergaminho.
Costura sobre nervos.
Pranchas de madeira como capas.
Lombadas achatadas ou ligeiramente arredondadas.
Cabeceado em ponto de seleiro.
Cortes aparados.
Títulos sobre os cortes.
Guardas de pergaminho.
Decoração mais variada, com fechos.


Séc. XIV - XV

Surgimento da tipografia, com conseqüente aumento do volume de livros e da encadernação. Livros menos imponentes. Surgem novas técnicas e materiais.
Passagem do pergaminho ao papel. Utilizam-se vaqueta, carneiro e porco. Meia encadernação (fim do séc. XV).
Encadernações de tecidos (sedas-brocados).
Costura sobre nervos. Lombada começa a arredondar-se. Nervos salientes, em geral duplos marcados na pele.
Cabeceado trançado de fio ou tirinhas de pele.
Guardas de pergaminho ou papel branco.
Surgem os cortes decorados, dourados ou coloridos para manuscritos. Decoração com filetes ou ferrinhos estampados a frio. Placas, cantoneiras e fechos.

Séc. XVI

Aparecem as encadernações de pequenos formatos.
Estilos da renascença, incluindo as encadernações Aldinas (os Aldi foram famosos encadernadores e impressores em Veneza).
Em Paris e Lyon, surgem oficinas de livreiros e encadernadores. O bibliófilo Jean Groglier, marca um estilo com suas encomendas, com entrelaços nas capas.
Coberturas de tecido até 1530. Vaqueta lisa era mais freqüente.
Aparecimento do marroquim tingido de várias cores nas encadernações de luxo a partir de 1537. No final do século aparecem as encadernações flexíveis em pergaminho.
Costura de nervos marcados e banda de pergaminho reforçando o entrenervo da cabeça e do pé. Cabeceado simples à passamanaria (tipo espanhol) à chapiteau (tipo grego).
Guardas de papel branco ou pergaminho.
Desaparecimento das pranchas de madeira como capas.
Papelões compostos de papéis contra-colados.
Cortes aparados, dourados ou cinzelados para encadernações de grandes ornamentos. Lombada pouco decorada, sem título, depois florões e título incompleto.
Capas estampadas a frio.
Aparição das dourações.

Séc. XVII

Cobertura de pergaminho, pele de carneiro, marroquim e vaqueta para encadernações de luxo. Costura sobre nervos simples ou duplos. Lombada com banda de pergaminho reforçando o lombo. Cabeceado em cores. Guardas brancas até 1640, depois coloridas, penteado fino a sete cores. Capas de cartões rígidos feitos com várias camadas de papéis. Cortes aparados, pintados de vermelho ou azul e dourados para as encadernações de luxo. Decoração no início, com riqueza de ornatos, depois, de excessiva sobriedade no final da época de Luiz XIV. Título no 2º entrenervo. Fim do século, moldura rendada, de um modo geral fineza nos ferros.

Séc. XVIII

Cobertura pleno couro.
Meia encadernação para os livros comuns no final do século.
Marroquim para as encadernações de luxo.
Costura entre nervos.
Lombada com nervos longos no final do século.
Cabeceado de várias cores.
Guardas de seda ou couro.
Papéis de cores variadas.
Capas de papelões de várias camadas.
Cortes tingidos de vermelho, às vezes marmorizados e dourados para os de luxo.
Títulos inteiros no final do século.
Algumas encadernações com mosaicos.
Surge a decoração com estampagem ou impressão com placa matriz, substituindo os ferros avulsos.

Séc. XIX

Aparecimento da encadernação industrial, cartonagem simples ou a la bradel, capa solta.
De 1830 a 1850 expande-se a encadernação francesa, com reflexos em Portugal e no Brasil. Aparecimento da costura sobre cadarços.
Nervos falsos.
Cortes marmorizados combinando com as guardas.
Cortes dourados nas encadernações de luxo.

Séc. XX

Encadernações em couros diversos, percaline (tecido recoberto com resina não plástica colorida; não confundir com produto do mesmo nome comercializado no final do século, composto de tecido e plástico).
Semana de 22, surgem florões e estilos de encadernações alusivos ao evento.
Encadernações meia cana/canaleta, início do século, muito resistente e lombo quadrado para folhas soltas, final do século, resistência e abertura deixando a desejar.

Bibliografia:"Resumen de las principales caracteristicas de las encuadernaciones en el curso de los ciglos" (infelizmente não foi possível identificar o nome do autor do trabalho)

FONTE DO TEXTO:

LITTON, G. História do livro.
http://www.usinadolivro.com.br/brevehistoria.htm



CALIGRAFIA

A caligrafia é a arte da escrita decorativa; o termo deriva do grego kallos, beleza; egraphein, escrever. Floresceu desde o século III antes de nossa era até fins da Idade Média e declinou, até quase desaparecer, com a invenção e difusão da imprensa e, mais recentemente, com a máquina de escrever. A forma de escrita adotada na transcrição à mão, dos livros e manuscritos, variava de século para século e de um país para outro.

É um termo usado para qualquer tipo de escrita à mão. Mas é tradicionalmente a arte de escrever manualmente os signos (fonéticos ou ideográficos) com as qualidades da elegância, uniformidade e beleza.
PALEOGRFIA:
A paleografia é a ciência que estuda a origem, a forma e a evolução da escrita, independentemente:
# do tipo de suporte físico onde foi registada;
# do material utilizado para proceder ao registo
# do lugar onde foi utilizada e do povo que a utilizou;
# dos sinais gráficos que adotou para exprimir a linguagem.

FONTES DO TEXTO:
LITTON, G. O livroe sua história.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Caligrafia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Paleografia

FONTE DAS IMAGENS:
http://www.defatima.com.br/saladeaula/caligrafiaindice.htm